Branca de Neve
Um conto sobre inveja, amizade e coragem
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Quando a neve caía como penas do céu, uma rainha costurava perto da janela de ébano. Ao picar o dedo, três gotas de sangue caíram na neve do parapeito, e ela desejou uma filha de pele branca como a neve, cabelos negros como o ébano e lábios vermelhos como o sangue. Nasceu a princesa e recebeu o nome de Branca de Neve. A mãe morreu cedo, e o rei, num tempo de lutos e alianças, casou-se com uma mulher de beleza incomum e coração soberbo. A nova rainha possuía um espelho encantado, e todas as manhãs perguntava quem era a mais bela do reino. Por muito tempo, o espelho respondeu: — És tu, majestade.
Branca de Neve cresceu graciosa e bondosa. Um dia, o espelho declarou: — A mais bela agora é Branca de Neve. Tomada de inveja, a rainha tramou a desgraça da enteada. A jovem fugiu para a floresta e, depois de caminhar assustada entre sombras e raízes, encontrou uma casinha impecável, com sete cadeiras, sete pratos e sete camas alinhadas. Ali viviam sete mineiros que, ao voltar do trabalho, espantaram-se ao ver a casa em ordem e o jantar quente. Ao saber da história, acolheram Branca de Neve com ternura e combinaram regras simples: cuidado com estranhos e portas bem fechadas.
Mas a rainha, desconfiada, consultou o espelho e descobriu o esconderijo. Disfarçou-se de mercadora e foi à casinha. Primeiro, ofereceu fitas e apertou o corpete da princesa até faltar-lhe o ar; os mineiros chegaram a tempo e afrouxaram as amarras. No dia seguinte, voltou com um pente envenenado; Branca de Neve, distraída, deixou que o pente tocasse seus cabelos e caiu sem sentidos, mas os amigos retiraram o pente e ela voltou a si. Por fim, a rainha preparou uma maçã metade vermelha, metade pálida: a parte bela estava envenenada. Disfarçada de camponesa, ofereceu a fruta e, com uma mordida, a princesa mergulhou num sono imóvel.
Inconsoláveis, os mineiros construíram um esquife de vidro para que todos vissem sua pureza, e o colocaram na clareira. Tempos depois, um príncipe passou pelo bosque, ouviu a história e pediu aos mineiros que o deixassem levar o esquife para honrá-la. Ao moverem-no, um pedaço de maçã se desprendeu da garganta de Branca de Neve, que abriu os olhos como quem desperta de um pesadelo longo. Houve espanto, lágrimas e alegria. O príncipe pediu sua companhia, e ela, lembrando-se da bondade dos amigos, prometeu que jamais esqueceria a floresta.
Retornando ao reino, a notícia da vida de Branca de Neve correu como vento. A rainha, ao consultar o espelho, ouviu que a mais bela vivia e se alegrava. Diante da verdade, o poder da vaidade perdeu a força. Branca de Neve escolheu governar com bondade e justiça, cercada pelos amigos que lhe ensinaram o valor da amizade e da prudência. E o espelho aprendeu que beleza sem coração não reflete luz alguma.
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